quarta-feira, 5 de abril de 2006

Aspectos sobre a utilização de uma chave de fendas

Vamos supor que necessitamos de uma chave de fendas, já que a que costumava-mos dar por nossa, passou a ser de alguém que não sabe que as chaves de fendas também se partem. Surge então a necessidade de recorrer á boa vizinhança, segue-se o relato de um indivíduo se sobreviveu a esta situação (importante referir que esta situação é arriscada, e mesmo desaconselhada pelo mesmo individuo que tendo uma vida estável, viu toda ela mudar-se após a humilhação sofrida, passou a frequentar tascas, a comer tremoços, a cumprimentar toda a gente da rua como se os conhecesse, a falar axxiim, divorciou-se e pior que tudo fez-se sócio do FCP). Os relatos foram passados para a terceira pessoa por pedido do tal indivíduo cujas preferências clubistas deixam muito a desejar, e a noção de justiça na arbitragem é somente comparável á sua falta de higiene na casa de banho:

Necessitamos urgentemente de uma chave de fendas, já que a que temos em casa está partida. Dá-se então um ritual, que alguns de nos já presenciamos (apesar de ser fortemente desaconselhado pelos maiores especialistas em estudo da humilhação aplicada ao ser humano), tocamos á campainha e somos atendidos, ou por uma mulher de certa idade, ou uma que tem na cara uma pasta verde que serve de mascara de beleza e com rolos para fazer os caracóis. Segue-se a humilhação, e a submissão, pedimos uma chave de fendas a uma vizinha com uma mascara de beleza. Depois de formular o pedido, observamos quase sempre uma cara de satisfação na cara da vizinha, como quem diz: Hã Hã (noutros países podemos ouvir simplesmente haha, ou ainda muhahahahah, apesar de este ultimo se verificar com menos frequência e em menos países), não tens chaves de fendas e vens-me pedir-me, mas para fazer festas com as amigas com música até tarde, já não vens. Mas não nos diz isto directamente, faz com que nos apercebamos que é isso que ela está a pensar através da sua expressão facial (importante desaconselhar este tipo de contacto visual prolongado, máx. 5-7 segundos).

Depois diz-nos que o marido não esta em casa (estranho, aproveitam sempre para dizer isto), e desculpa-se por não saber o que é uma chave de fendas, e por isso vai trazer o estojo todo (nesta altura já toda a gente percebeu que o objectivo principal da vizinha é simplesmente humilhar-nos, ela sabe muito bem o que é uma chave de fendas, o seu objectivo é mostrar que tem muitas chaves de muitos tamanhos e que para as guardar até precisa de uma mala com vários compartimentos). Apresenta-nos a caixa, com chaves de todos os tamanhos, alicates, pregos, parafusos, anilhas, brocas como quem diz, vês, tenho um estojo todo giro de chaves, e tu nem uma chave tens para desaparafusar o ralo do bidé, eu sou claramente superior e no entanto estou a usar esta mascara verde e estes rolos para o cabelo.

Nós apontamos enquanto dizemos, é esta que preciso, posso levar? Eu já a trago. A parte mais degradante, aquela em que a mulherzinha nos pergunta se não queremos levar o alicate, ou a chave de fendas eléctrica, ou este tamanho de chave, pode ser que o outro não funcione, e leva também esta faca de peixe pelo sim pelo não. Seguem-se uns bons minutos de ofertas prontamente recusadas pelo vizinho inferior (sim até este momento, fomos claramente inferiorizados por uma senhora de cara verde).

No fim e para concluir a humilhação do vizinho inferior a senhora de cara verde diz-nos para ter cuidado, para não nos magoarmos e para a trazer de volta depressinha (estão mesmo á espera que eu faça um comentário sobre estas duas afirmações, mas em verdade vos digo por estar entre parêntesis não quer dizer que tenha que fazer um comentário sobre o que escrevi anteriormente, posso até apresentar uma reflexão sobre o que se deve fazer em caso de inalação de espuma para barbear), é o fim, se até agora fomos humilhados, esta é a suprema mais alta humilhação, pior que ser morto por uma Gauntlet no Quake, a nossa vizinha revela o seu lado maternal de preocupação, e trata-nos como se nunca tivéssemos morto uma pessoa com uma chave de fendas, pior que isso como se nunca tivéssemos usado uma.


A humilhação foi grande, a chave lá funcionou, mas ao fim disto quem agradece é o indivíduo inferiorizado, tá mal, agradecemos a humilhação? Quem deveria agradecer era a cara verde por lhe termos dado uma oportunidade única de se sentir superior.



Notas pós relato: Importante referir que o clube do indivíduo era o Benfica facto evidente quando refiro as visitas frequentes das amigas (facto normal em qualquer Benfiquista) e a vida estável. A mudança de clube foi em grande parte devida á humilhação. Todo o relato foi redigido por um jornalista pouco conhecido cuja qualidade dos artigos era bastante boa até ele ter estado em contacto com este indivíduo e esta ter descido para medíocre (os relatórios do jornal para o qual ele trabalhava falava em aumento exponencial de erros ortográficos). Este relato foi corrigido pelos melhores especialistas em ortografia que tiveram que ser internados após corrigir tantos erros (após uma analise cuidada descobriu-se que a existência de erros foi devida a uma exposição exagerada a um sócio do FCP).

2 comentários:

Anónimo disse...

Ora bem o que temos nos por aqui!Uma simples chave de fendas que aparentemente parece inofensiva e incapaz de levar à degradação do ser humano, mas que por de tras daquela aparencia banal revela se uma chave mortal. A vizinhança que sempre se julga a melhor por ter alguma coisa, que alguem por um simples acaso não a possa ter, e que depois vai ter que recorrer aos vizinhos e ter de se defrontar com a situaçao inesquecivel de ver um senhora de cara verde com rodelas de pepino nos olhos e ainda com rolos no cabelo! É esta simples chave que juntamente com a mascara verde podem causar efeitos secundarios no ser racional, que perde toda a sua racionalidade e espirito critica diante situações desta natureza! Sem mais á acrescentar até ao proximo post!!!

Anónimo disse...

Eu quero direitos sobre esta matéria. Toda esta história aconteceu pq a minha chave de fendas (não partiu) mas tb não desaperta ou aperta parafusos, e como tal tive que ir pedir uma à vizinha.
É que ainda por cima é de muito mau tom o Sr. Master of Pupets (meu grande amigo) vir tornar isto público (ainda que não tenha divulgado a fonte, mas eu concluo o trabalho dele) visto que foi num daqueles momentos em que queria abrir o PC e não conseguia!!!
Acho então miserável que este Sr., venha por este meio divulgar histórias chocantes como estas (nem sabem a vergonha que se passa nestes casos).
Como acho que ele nem português sabe escrever, adiciono mais uma parte da história que se passou hoje...
De manhã quando queria abrir novamente o PC e não podia, lá fui pedir a chave outra vez, como de costume fui obrigado a ver a caixa de ferramentas outra vez, mas pior, entrei na cozinha da casa da vizinha, e deparo-me com o Sr. seu pai a comer bife com batas cozidas, tudo isto mergulhado em vinho tinto (altamanete deplorável).
Agora há noite, quando me preparava para ir entregar a chave, a vizinha perguntou-me o k é k eu andava a fazer e disse k tava a arranjar uns PC's.
Para contentamento dela, obrigou-me a ficar com a chave e ir lá entregar quando não precisar mais dela.
Estou chocado com tudo isto, mas lá tive que ficar com a chave (até por que me dá imenso cheito!!)
Deixo-vos então este testemunho para que todos possam ver que este é dos poucos blogs com histórias verídicas.
Um abraço!! (vou jogar quake...)